A etiqueta vai além de como se comportar à mesa, em festas, no trabalho. Chega até mesmo à cama e pode prevenir gafes, sustos e desencantos durante a relação sexual.
Perguntas como “não me depilei, devo seguir em frente?”, “se estiver com calcinha/cueca furada, o que fazer?” e “como sugerir para ver filme pornô durante o ato?” já passaram por sua cabeça? Então, tire essas e outras dúvidas sobre etiqueta na cama, seguindo as dicas de consultores de etiqueta e sexólogos:
- A mulher deve avisar que está menstruada antes de ir para a cama?
Se o casal tem intimidade, sim. Basta dizer que está menstruada, sem rodeios. Mas a consultora de etiqueta Célia Leão enfatiza que, se for a primeira vez com o parceiro, é melhor adiar o encontro. Poucos homens gostam de transar com o mulher menstruada. - É correto fingir orgasmo para agradar o parceiro?
Não, de forma alguma. O sexo pede sinceridade. “A transa pode ser extremamente prazerosa e nenhum dos dois gozar. No tantrismo, por exemplo, o homem pode passar horas com sensações boas sem necessidade de ejacular”, afirmou o sexólogo Amaury Mendes. O consultor de etiqueta Fábio Arruda enfatiza que, ao tentar fingir, a mulher ainda dá espaço à possibilidade de estragar tudo. É que, se não representar bem, o parceiro acaba percebendo a tentativa de enganá-lo. Venhamos e convenhamos, a situação seria constrangedora e desagradável. Caso a relação sexual não esteja excitante, que tal guiar o outro pelo seu corpo? O prazer pode vir logo em seguida. - O que ambos devem fazer quando o homem perde a ereção?
Esqueça a ideia de que as mulheres têm de dizer que isso é normal, acontece. Ar de piedade também deve ficar de fora. O melhor é manter a naturalidade. Para Arruda, o homem não precisa falar nada. “Justificar é muito pior.” Mendes, por sua vez, acha que, se for importante e o relacionamento afetivo, pode acrescentar que teve um dia cansativo, mas quer continuar a curtir o momento. “Pode brincar, usar a língua, dedo, vibrador. A atitude de não valorizar tanto o pênis pode fazer com que o casal saia ganhando e é frequente que, no meio disso, o homem acabe tendo uma ereção”, sugeriu Mendes. - Posso comentar com o/a atual sobre uma fantasia que coloquei em prática com um/uma ex-namorado/a?
Não, ex é passado e, portanto, não deve ser mencionado. Caso contrário, pode acabar com o tesão do/a companheiro/a. Segundo Célia, quem quer concretizar uma fantasia deve dizer que a tem, sem acrescentar a informação de que a colocou em prática com alguém. - Se o/a parceiro/a falar muitos palavrões no ato e isso me incomodar, o que fazer?
Converse a respeito, mas só depois do ato. A consultora de etiqueta Célia recomenda dizer “fulano, reparei que, quando você se empolga, fala muitos palavrões, mas isso não me agrada. Uma ou outra besteirinha pode me estimular”. Se for o primeiro encontro, melhor não puxar o assunto. - Posso falar palavrão e expressões chulas na primeira vez?
Melhor não, pode acabar assustando o/a parceiro/a, explicou Célia. - Quem deve levar as camisinhas?
Quem acha que levar camisinha é obrigação do homem está para lá de enganado. A saúde tem de vir em primeiro lugar. “Se o fulano quiser dar uma de esperto dizendo que esqueceu, a mulher fala que tem e resolve a situação”, disse o consultor de etiqueta Arruda. Portanto, carregar preservativo na bolsa é extremamente válido e segue a etiqueta. - Como sugerir para colocar a camisinha?
De acordo com Arruda, não precisa de enrolação para sugerir. Simplesmente, diga que coloque. Se o homem não quiser, não ceda. A velha história repetida por muitos de que transar com preservativo é como “chupar bala com papel” está ultrapassada. Pensar na saúde é fundamental. O delegado da Sbrash lembra que pode colocá-la de forma erótica. “Com a boca ou durante a esfregação, estimulando bastante o pênis.” - Ir para a cama no primeiro encontro é errado?
Não existe regra, na opinião da consultora de etiqueta Célia. É a intuição quem deve dizer se deve ir ou não para a cama. - O que dizer quando o parceiro faz algo que não a excita?
A dica do consultor de etiqueta Arruda é mudar sutilmente, direcionando o parceiro ao que gosta. O sexólogo sugere falar, de maneira delicada (é claro), que fica com mais tesão quando faz determinado movimento. “Há um exercício de sexualidade que os dois devem se masturbar na frente do outro para ver como cada um gosta de ser tocado. Depois, deve pegar a mão do parceiro e ensinar como gosta de ser masturbado.” - Se estiver com a calcinha/cueca furada e só notar na hora que tirei a roupa, o que devo fazer?
Nem pense em falar algo, apenas disfarce, recomendou a consultora de etiqueta Célia. Quando chegar em casa, se desfaça da peça íntima. “Se o outro comentar sobre o furo, é porque ou tem muita intimidade ou é indelicado e só quer lhe constranger.” - O que fazer se chamar o parceiro por outro nome?
Em primeiro lugar, como não poderia deixar de ser, peça desculpa. Converse sobre o assunto, mas a justificativa não precisar ser extremamente longa, na opinião de Mendes. - Se o parceiro/a está fazendo muito barulho durante o sexo e tem mais pessoas na casa, o que fazer?
Peça para fazer menos barulho, sem constrangimento, ensinou Célia. Melhor isso do que sair do quarto sabendo que todos ouviram o que estavam fazendo, certo? - Sexo oral tem de ser recíproco?
Na opinião do consultor de etiqueta Arruda, faz quem quer. O ginecologista concorda que ninguém é obrigado a nada, mas acredita que o sexo oral, de preferência, deve ser recíproco. “É comum que homens exijam que as mulheres façam neles, mas não retribuem. Isso causa sensação de baixa autoestima. O parceiro pode indagar qual é o problema se não houver troca, mas com o tempo e intimidade, você pode sugerir que experimente. Mas é claro que pode existir quem realmente não goste e esteja feliz com isso.” - Como posso sugerir para ver filme pornô durante o ato?
Filme pornô está à disposição nos motéis. Então, basta trocar os canais até achar um, olhar com cara sexy para o outro e perguntar se quer ver, sugeriu Célia. Mas a consultora de etiqueta lembra que o pedido não combina com o primeiro encontro. - Após o sexo oral, existe problema de a pessoa cuspir o sêmen?
Não, segundo Mendes. Ninguém é obrigado a nada, inclusive a engolir o esperma após o sexo oral. “Pode brincar com isso. Dizer que adorou recebê-lo, mas é muita coisa e não consegue engolir.” Vale ressaltar que o sexo oral seguro (com camisinha) exclui essa dúvida. - Posso ir ao primeiro encontro sem calcinha?
Não, pode passar uma imagem “barata”, de acordo com Célia. Deixe a ideia para depois. - É rude não beijar na boca após o sexo oral?
Arruda é enfático: sim, é rude, porque a atitude pode remeter a nojo. “Melhor sugerir escovar os dentes do que não beijar de jeito algum.” O sexólogo declarou que, se a pessoa não se sentir à vontade, pode falar que precisa de um tempo para conseguir beijar após o sexo oral, mas nunca que nem vai pensar no assunto. “Na cama, a gente sempre vai tentar.” - Posso usar lingerie com enchimento no primeiro encontro?
Poder pode, mas a propaganda enganosa vai ser desmascarada em pouco tempo, quando ele tirar sua roupa. Segundo Célia, é melhor assumir como realmente é. - Posso dormir logo depois do sexo?
Por mais cansado/a que esteja, nem pense na ideia. Virar e dormir logo após o sexo chega a causar a impressão de que só queria aquilo e nada mais. Curta o momento, abrace o/a companheiro/a, converse, troque elogios, sugira um banho a dois. - Não me depilei, devo seguir em frente?
Melhor não, pode passar impressão de relaxo. “Se o casal está junto há muito tempo, a mulher pode apostar na meia luz para disfarçar”, disse Célia. - Posso usar roupa íntima sensual nos primeiros encontros?
Sim, sexo é sensualidade. “Pode usar calcinha sedutora para valorizar, mas, se for muito exagerada, pode até assustar. A mulher também poderia achar estranho um homem com cueca de stripper logo no começo”, opinou Mendes. Arruda lembra que, por mais que estejam há anos casados, nunca se deve descuidar da roupa íntima. Calcinhas e cuecas furadas, sujas e mal cuidadas são desanimadoras. A intenção é esquentar o clima e não esfriá-lo, certo? - Não gostei do cheiro dele/a, o que devo fazer?
Convide-o/a para um banho a dois e tire as dúvidas. Caso a situação persista, a consultora de etiqueta Célia sugere desistir da pessoa. “Uma das formas de perceber que não gosta da pessoa é quando o cheiro dela incomoda.” - Posso sugerir brinquedinhos e vibradores logo no primeiro encontro?
O sexólogo acha melhor que não faça isso no primeiro encontro. Pode parecer que precisa daquilo obrigatoriamente para ter prazer, sem dar ao menos chance de o outro tentar satisfazer suas vontades. “O homem pode até se sentir mal se levar um vibrador enorme e o pênis dele for pequeno.” Deixe a pressa de lado. O tempo abre espaço para incluir brinquedinhos ao sexo. - Como pedir para levar um tapinha? E se levei um tapinha e não gostei?
No auge do rala e rola, pode dizer: “me bate”, disse a consultora de etiqueta Célia. Agora, se levar um tapa sem pedir e não gostar, o assunto deve ser discutido após o sexo, sem rodeios. Se for no primeiro encontro, não comente. O parceiro/a deve saber que, no começo, coisas que fogem do tradicional podem assustar. - Quem deve ter prioridade na posição preferida: o homem ou a mulher?
Errou quem apostou no cavalheirismo e acredita que seja a mulher. Ambos devem sentir prazer. Portanto, podem mudar de posições ao longo da relação. “A pessoa pode perfeitamente dizer ‘deixa eu ficar um pouco em cima de você’, por exemplo”, acrescentou Mendes. - Posso sugerir usar chantili, sorvete ou outro item comestível no primeiro encontro?
Não. Os “temperos” para a relação sexual devem ser conquistados aos poucos, opinou Célia. - Posso tomar banho logo após a relação sexual?
Para que tanta pressa? Levantar correndo em direção ao chuveiro dá a impressão de que se sente sujo ou está com nojo. Se quiser se livrar do suor, convide o parceiro para um banho a dois. A mesma atitude é uma boa saída a quem gostaria que o outro se higienizasse antes do sexo. - Como sugerir para ele/ela ser menos romântico/a e mais selvagem na cama?
Seja mais selvagem ao poucos. O/A parceiro/a provavelmente vai entrar no clima. - Como agir quando quiser praticar sexo anal?
Nunca vá com muita sede ao pote, tentando penetrar logo de cara. O delegado da Sbrash sugere passar o dedo na região durante o sexo, fazer carinho e sentir a reação do parceiro. Vale conversar sobre o assunto, perguntar se gostaria de fazer. Segundo Mendes, a pessoa que será penetrada precisa confiar no parceiro para afastar o medo de que não a respeite e a machuque. Além disso, deve ser estimulada com carícias em seu órgão sexual. “Use lubrificante à base de água. Introduza com calma um dedo e, depois, dois dedos. Enquanto estimula o clitóris ou o pênis do parceiro, encoste a glande no ânus, espere que se contraia e relaxe e aí a introduza e pare. O esfíncter vai se adaptar e, então, pode introduz lentamente o resto”, ensinou o sexólogo. “A camisinha, além de proteger conta as doenças sexualmente transmissíveis, previne infecções.” - Como sugerir sexo a três sem assustar o/a parceiro/a?
Sexo a três não pode ser sugerido logo no começo da relação, porque realmente pode assustar. Com o tempo, vale conversar sobre fantasias e mencionar essa e ver a reação do/a parceiro/a, ensinou Célia. - Ejaculação precoce. Como dizer que ainda não estou satisfeita?
Não precisa ficar constrangida, simplesmente peça que não pare, disse a consultora de etiqueta Célia. O sexo não é só penetração e a mulher pode ser estimulada com a boca e as mãos. - No fim da transa, ele/a diz “eu amo você”, mas não é recíproco. Como agir?
Na opinião de Célia, dê um beijo no/a parceiro/a e pronto. Nunca fale o que não sente só para agradar. - O que fazer quando o/a companheiro/a faz comparações com a/o ex?
Pode reclamar, sem receio. A consultora Célia diria: “você fala com tanto entusiasmo da ex, que estou quase virando uma ex para falar de mim com a mesma alegria”. - O que fazer se você ou seu par soltar gases sem querer?
Quem soltou deve pedir desculpas e assunto encerrado. O outro pode deixar passar, dar uma risadinha e brincar, comentou a consultora de etiqueta Célia.
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